Programas de desenvolvimento como mercadorias e dispositivos de concorrência: aproximações a partir de um caso australiano em Timor-Leste

Resumo Este artigo discute os processos de elaboração e contratação da primeira fase do programa TOMAK (acrônimo para To’os Ba Moris Di’ak; em inglês, Farming for Prosperity, e em português, Agricultura para Prosperidade), financiado pelo Estado australiano e implementado em Timor-Leste entre 2016 e...

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Published inHorizontes antropológicos Vol. 30; no. 70
Main Authors Oliveira, Ana Carolina R., Silva, Kelly Cristiane da
Format Journal Article
LanguagePortuguese
Published Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social - IFCH-UFRGS 01.09.2024
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
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ISSN0104-7183
1806-9983
1806-9983
DOI10.1590/1806-9983e700401

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Summary:Resumo Este artigo discute os processos de elaboração e contratação da primeira fase do programa TOMAK (acrônimo para To’os Ba Moris Di’ak; em inglês, Farming for Prosperity, e em português, Agricultura para Prosperidade), financiado pelo Estado australiano e implementado em Timor-Leste entre 2016 e 2021. Argumentamos que tais processos alçam o programa à condição de mercadoria, que é acedido, no mercado global, por mecanismos de concorrência específicos e sujeito a certos fetichismos. As formas de manejo do programa expressam o novo papel que os Estados nacionais têm desempenhado sob hegemonia do neoliberalismo: dinamizadores da concorrência, em múltiplas escalas. Situamos os fenômenos abordados como produto de processos históricos de longa duração relacionados às reconfigurações das práticas de cooperação internacional para o desenvolvimento. As análises são baseadas em etnografias documental e digital e em experiências de duas décadas (anos 2000 a 2020) de observação do campo da cooperação internacional em Timor-Leste e alhures. Abstract This article discusses the concept, design, and contracting processes of the first phase of the TOMAK program (acronym for To’os Ba Moris Di’ak, translated as Farming for Prosperity in English, and Agricultura para Prosperidade in Portuguese). The program was funded by the Australian government and implemented in Timor-Leste between 2016 and 2021. We argue that these processes elevate the program to the status of a commodity, accessed in the global market by specific mechanisms of competition and subject to certain fetishes. The program’s management practices reflect the new role that nation-states have played under the dominance of neoliberalism: as catalysts of competition on multiple fronts. We contextualize the phenomena discussed as products of long-term historical processes related to the reconfigurations of international development cooperation practices. Our analyses are based on documental and digital ethnographies and two decades (2000-2020) of observations in the field of international cooperation in Timor-Leste and beyond.
ISSN:0104-7183
1806-9983
1806-9983
DOI:10.1590/1806-9983e700401